segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Professor: vocação e sacerdócio

Ser professor é exercer o papel, muitas vezes, de pai e mãe na ausência dos mesmos. É ser um pouco psicólogo, para tentar compreender os conflitos em sala de aula. É atuar, em certas situações, como juiz na tomada de decisões. É ser um arquiteto na construção do aprendizado. É saber receitar, como um médico o faz, o medicamento certo para amenizar as dores de um mau desempenho escolar. Ser professor é uma vocação, um sacerdócio. É professar a fé naquilo que acredita e ter a certeza de que somente através da educação é que se construirá uma sociedade melhor.
É ter a certeza de que tudo vale a pena a partir do momento em que o aluno se sente feliz pelo que aprendeu e pelo que lhe foi ensinado.
Trata-se de uma profissão, no entanto, que não se limita à sala de aula. Os primeiros professores e professoras estão dentro de casa, no seio familiar. São os pais que ensinam as primeiras palavras às crianças e as ajudam a dar os primeiros passos, da mesma forma que lhes transmitem, sejam por palavras ou atitudes, os bons valores e costumes. Os professores e professoras também estão na igreja, onde a criança aprende os princípios da convivência fraterna e harmoniosa, a respeitar e amar ao próximo. Estão nas agremiações recreativas, esportivas e sociais, onde os integrantes desenvolvem o espírito do trabalho coletivo, de ajuda mútua. Enfim, estão nas escolas, por meio da formação profissional que lhes dá autoridade para compartilhar o saber com os estudantes.
Trata-se de uma profissão mãe de todas as outras. Ou alguém conhece algum profissional que não teve um professor durante seus anos de formação profissional, técnica e ou acadêmica? Independente da forma como é chamado (professor, educador, tutor) não há como negar a sua importância e o seu valor na vida de cada cidadão.
Percebe-se que o papel do professor transpassa o campo do saber. Ele rompe fronteiras e se incumbe de preparar o estudante para o exercício pleno da cidadania.
Esta coluna se encerra com as palavras do mestre de todos nós, Paulo Freire, ao falar de sua profissão como professor. Ele disse: “Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza. Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo descuidado, corre o risco de se amofinar e já não ser testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas não
desiste”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário